De acordo com Susam, mortes são primeiras em decorrência de raiva humana desde 2002.
Morcegos hematófagos são principais transmissores do vírus da raiva (Foto: Lenito Abreu/Adapec)
A menina de 10 anos que estava internada em Manaus com quadro de encefalite viral morreu, informou a Secretaria de Saúde do Amazonas (Susam). A criança teve o diagnóstico de raiva humana confirmado e morreu duas semanas após o irmão, pela mesma doença. Esses são os primeiros casos registrados no Amazonas desde 2002, quando duas pessoas morreram em decorrência do vírus rábico.
No dia 22 de novembro, a garota havia iniciado um tratamento experimental Fundação de Medicina Tropical (FMT), em Manaus, com o uso de antivirais, autorizado pelo Ministério da Saúde. No entanto, de acordo com o médico infectologista da FMT, Antônio Magela, as chances de sobrevivência da garota eram mínimas.
"O estado dela, desde que deu entrada na unidade, era gravíssimo. Infelizmente, a letalidade da doença é de 99,9%", informou Magela.
Segundo o médico, a menina apresentou na manhã deste sábado (2) instabilidade hemodinâmica com parada cardio-respiratória.
A suspeita de raiva humana foi levantada por conta do histórico dos pacientes com mordida de morcego. Familiares relataram que os irmãos haviam sido atacados pelo animal na comunidade Tapira, no Rio Unini, zona rural de Barcelos, onde residiam.
"É uma doença rara no País, assim como não é comum a transmissão por morcegos, o que deve ser investigado", disse o diretor-presidente da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), Bernardino Albuquerque.
A prevenção contra a raiva humana se dá por meio de uso de soro e vacina. O tratamento da doença é feito em quatro doses. Equipes da Secretaria de Saúde de Barcelos estão na região do Unini para realizar vacinação nas pessoas feridas por morcegos nos últimos doze meses.
Um grupo da FVS-AM também esteve no local e capturou morcegos hematófagos da espécie Desmodus rotundu. Os animais foram coletados em todas as comunidades que tiveram ocorrências de mordidas, na região do Uini.
"Sete exemplares de morcegos hematófagos foram encaminhados para pesquisa do vírus rábico, e os demais 24 foram tratados com pasta vampiricida e soltos para o controle das colônias, método indicado para a diminuição de ataques por estes animais", explica o chefe do Departamento de Vigilância Ambiental da FVS-AM, Cristiano Fernandes.
Fernandes esclarece que outros exemplares de morcegos não hematófagos também foram encaminhados para pesquisa viral. Os animais domésticos das comunidades também foram vacinados contra raiva.
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