Denúncia afirma que assessores da deputada pagaram para ter 'direito exclusivo' de fazer campanha em bairro do Rio. Advogado de deputada disse que denúncia é 'apócrifa' e 'sem fundamento'.
Cristiane Brasil (PTB - RJ) durante reunião de comissão da Câmara em maio de 2017 (Foto: Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados)
Procurada pelo G1, a assessoria de Cristiane Brasil disse que o inquérito foi aberto baseado em uma denúncia anônima durante a campanha de 2010. Ela afirma ainda que não foi ouvida no inquérito e nega veementemente que teve contato com qualquer criminoso. (Veja a íntegra da nota no fim da reportagem)
A investigação foi aberta pela Polícia Civil do Rio de Janeiro em 2010 a partir de denúncias de que assessores de Cristiane Brasil pagaram a traficantes para ter "direito exclusivo" de fazer campanha em Cavalcanti, bairro da Zona Norte da cidade.
Além disso, segundo os denunciantes, presidentes de associações de bairro foram levados para conversar com o chefe do tráfico na região por estarem se recusando a trabalhar para a deputada.
À época dos fatos, Cristiane era vereadora licenciada e ocupava uma secretaria da Prefeitura do Rio. Na eleição de 2010, ela não se candidatou, mas apoiou a candidatura do deputado estadual Marcus Vinicius (PTB), ex-cunhado da parlamentar.
O caso foi enviado na quinta-feira (1) para a Procuradoria da República no Rio e deve ser encaminhado nesta segunda-feira (4) para a Procuradoria Geral da República (PGR), já que a deputada tem foro privilegiado.
Ao serem questionados sobre as investigações, a assessoria do deputado estadual Marcus Vinicius (PTB) disse que ele já prestou esclarecimentos sobre uma "denúncia anônima e alegou motivações políticas de algum adversário com a atuação do parlamentar nessa região". As informações foram veiculadas pela rádio CBN.
Ministério do Trabalho
Cristiane Brasil foi nomeada ministra do Trabalho pelo presidente Michel Temer em 4 de janeiro. Quatro dias depois, contudo, a Justiça Federal do Rio de Janeiro suspendeu a posse, atendendo a um pedido segundo o qual a deputada feriu o princípio da moralidade por já ter sido condenada por dívidas trabalhistas.
Após perder vários recursos, a Advocacia Geral da União (AGU) recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que liberou a posse.
Mas, dois dias depois, a presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, suspendeu novamente a posse, de maneira liminar, até tomar uma decisão definitiva sobre o assunto. Não há data marcada para o julgamento do caso.
Veja a íntegra das notas
Cristiane Brasil
"Cristiane Brasil esclarece que o inquérito foi aberto baseado em uma denúncia anônima durante a campanha de 2010, ano em que sequer foi candidata. A deputada afirma que não foi ouvida no inquérito e nega veementemente que teve contato com qualquer criminoso. Cristiane Brasil afirma ainda estranhar o encaminhamento do processo 8 anos depois ao Ministério Público Federal , justo agora que foi nomeada para assumir o Ministério do Trabalho."
Deputado Marcus Vinícius
"Durante o ano de 2010, o deputado Marcus Vinícius (PTB) prestou esclarecimentos acerca de uma denúncia anônima feita claramente por motivações políticas de algum adversário incomodado com a atuação do parlamentar na região (no ano em questão ocorria a campanha para deputado estadual). Logicamente sem nenhum fundamento, os fatos narrados na denúncia anônima não foram comprovados. O fato é que nunca houve nenhuma denúncia criminal contra o parlamentar, o que pode ser comprovado por qualquer cidadão por simples consulta ao site do TJ."
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