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segunda-feira, 30 de abril de 2018

Candidatura de Dilma ao Senado e impeachment ampliam racha entre PT e MDB em MG


Ex-presidente Dilma Rousseff em ato polĂ­tico no acampamento do PT em Curitiba.

O que parecia ser um plano infalível para recolocar a ex-presidente Dilma Rousseff diante dos holofotes não está saindo exatamente como o planejado pelo PT.

A eventual candidatura de Dilma ao Senado por Minas Gerais vinha sendo costurada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas a inclusão do nome de Dilma no concorrido cenário político mineiro causou ruídos dentro e fora do partido e é considerado um dos principais fatores que levaram à abertura de um pedido de impeachment contra o governador mineiro, Fernando Pimentel (PT).

As articulações em torno da candidatura de Dilma ao Senado por Minas Gerais ganharam força no início deste mês e teriam sido feitas por parte do PT mineiro e por Lula antes de sua prisão. No dia 6 de abril, ela transferiu seu título eleitoral do Rio Grande do Sul para Minas Gerais, abrindo caminho para uma eventual candidatura.

O plano tinha quatro objetivos principais:

  • usar a popularidade que Dilma ainda teria em Minas para ajudar a alavancar a candidatura Ă  reeleição de Fernando Pimentel (PT);

  • manter a combalida aliança do PT com o MDB em nĂ­vel estadual e atrair novos aliados;

  • preparar um palanque eleitoral sĂłlido para o nome do PT na disputa pela PresidĂŞncia da RepĂşblica;

  • e aproveitar o desgaste do PSDB mineiro por conta das investigações contra os senadores AĂ©cio Neves (PSDB) e ZezĂ© Perrella (MDB) para ocupar espaços no Senado.

Lideranças do MDB em MG: o vice-governador Antônio Andrade (à esq.) e o presidente da Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, Adalclever Lopes

A candidatura de Dilma ao Senado parecia ainda mais viável na semana passada, quando o senador Aécio Neves virou réu em um processo no STF (Supremo Tribunal Federal) por corrupção passiva e obstrução de Justiça relacionado às suspeitas de que ele teria pedido R$ 2 milhões em propinas para o grupo JBS.

O problema é que a introdução do nome de Dilma no complexo xadrez político mineiro causou desconforto em parte significativa do MDB e até mesmo dentro do PT.

Há algumas semanas, a ala do MDB mineiro que dava sustentação à aliança como PT, liderada pelo presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, Adalclever Lopes, começou a dar demonstrações de incômodo.

O MDB gostaria de ter o caminho aberto para encabeçar candidaturas para as duas cadeiras em disputa no Senado. Fontes ouvidas pelo UOL afirmam que Adalclever estaria interessado em uma dessas vagas e que uma candidatura de Dilma reduziria as chances de o MDB consegui-las.

Acomodar os interesses do MDB parece fundamental para os planos de reeleição de Fernando Pimentel. O partido não governa Minas Gerais desde 2003, quando Itamar Franco deixou o poder estadual. Mesmo assim, o partido é uma das principais forças no estado. Além de Adalclever, o MDB é o partido do vice-governador, Antônio Andrade, e é a legenda que comanda o maior número de prefeituras no Estado: 164. O PT é apenas o nono em número de prefeituras: 41.

Diante do imbróglio, os caciques dos dois partidos chegaram a pensar em uma alternativa para ter Dilma disputando as eleições sem atrapalhar os planos do MDB ao Senado. O plano seria lançá-la como candidata a deputada federal em uma coligação proporcional envolvendo o PT e o MDB.

O atual governador de Minas, Fernando Pimentel, que quer concorrer à reeleição

O projeto, porém, não teria o aval de Dilma, porque ela teria capital eleitoral para atrair votos que ajudariam a eleger parte da bancada do MDB na Câmara que votou pelo impeachment dela em 2016.

"A Dilma ia ajudar a eleger golpista? Não faz o menor sentido" , diz o deputado estadual Rogério Corrêa (PT-MG), um dos principais entusiastas da candidatura de Dilma ao Senado.

Oficialmente, o MDB nega desconforto com a candidatura de Dilma, mas, na última quinta-feira (26), Adalclever, até então aliado de Pimentel, autorizou a abertura de um processo de impeachment contra o governador com base em supostos atrasos nos repasses a prefeituras, fornecedores e à Assembleia Legislativa.

Agora, ele se coloca como pré-candidato ao governo de Minas Gerais, assim como atual vice-governador, Antônio Andrade (MDB).

"A abertura do processo de impeachment não tem relação com a candidatura da Dilma. Nós fomos aliados no passado. Agora, nessas eleições, uma nova aliança precisa ser feita que pode ser com o PT ou não. Mas, pelo que parece, não será" , disse Adalclever, que é filho do deputado federal Mauro Lopes (MDB-MG), o mesmo que, três dias depois de se licenciar do cargo de ministro do governo de Dilma Rousseff votou pelo impeachment da ex-presidente.

Um assessor próximo ao governador Fernando Pimentel, sob a condição de anonimato, disse acreditar que a disputa ao Senado pode ter sido um dos fatores que determinaram a abertura do processo de impeachment.

Segundo ele, a relação do PT com o MDB estava desgastada e a possibilidade de a ex-presidente ser candidata pode ter instigado ainda mais os ânimos dos antigos aliados. O assessor disse, no entanto, que a decisão do MDB foi precipitada porque a candidatura Dilma nunca havia sido uma imposição de Pimentel ao grupo político.

Para o deputado estadual Rogério Corrêa (PT-MG), o PT não deveria recuar do projeto em torno de Dilma por conta do processo de impeachment.

"Não é assim que se joga. A candidatura da Dilma não é uma espécie de moeda de troca para a gente ficar negociando. Temos força para reverter esse pedido de impeachment e acho que devemos manter a candidatura da Dilma de qualquer forma" , afirmou.

Dilma dá posse ao ministro Mauro Lopes (MDB-MG) na Secretaria de Aviação Civil

ResistĂŞncias

dentro do PT Entre petistas mais preocupados com a reeleição de Pimentel, a preocupação é sobre se a entrada de Dilma na disputa política em Minas Gerais traria mais benefícios ou problemas ao governador.

A gestão de Pimentel vem sendo marcada pelas investigações da Operação Acrônimo e pela crise fiscal do estado que causou o atraso no pagamento dos salários de servidores.

Em um cenário tão complexo, perder um aliado com o peso do MDB não seria algo desejável. Além disso, a chegada de Dilma poderia atrapalhar os planos de políticos do PT que estariam "na fila" para alçar voos mais altos.

O deputado federal Reginaldo Lopes, por exemplo, Ă© um dos prĂ©-candidatos do partido ao Senado. Ele afirma que pesquisas indicariam que, sem Dilma no páreo, ele lideraria a corrida a uma das cadeiras em disputa. Com ela na disputa, o cenário seria mais incerto. "Sem ela, eu lidero. Com ela, eu fico atrás. Mas ela Ă© muito mais conhecida do que eu" , afirma.

Lopes, no entanto, diz haver espaço para que ele e Dilma sejam candidatos do PT ao Senado. "Não vejo motivos para que a gente não seja candidato. Acho que há outros espaços a serem ocupados pelo MDB dentro da nossa aliança" , disse.

Futuro da aliança em jogo

Diante do impasse envolvendo o nome de Dilma, o futuro da aliança entre PT e MDB está incerto. Oficialmente, o MDB aposta que terá candidatura própria ao governo de Minas Gerais. Uma definição sobre deverá ocorrer após a convenção estadual do partido, prevista para o início do mês de maio.

Nos bastidores, o PT ainda tem esperança de que o MDB possa apoiar, ainda que parcialmente, a chapa de Pimentel à reeleição. "Todo partido tem direito de lançar candidatura própria, mas a gente acha que não faria sentido o MDB fazer isso agora. Temos uma aliança que já dura algum tempo. Além disso, não acredito que eles possam se aliar ao PSDB nessa disputa. Seria uma reviravolta muito improvável" , diz o deputado estadual Rogério Corrêa.



Fonte:Uol.com

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